quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A Influência do Dadaísmo no Surrealismo

Greyce Kelly de O. Duarte
MOrgana Marques de Carvalho

Resumo

No presente artigo discutiremos algumas idéias sobre a influência do dadaísmo no surrealismo, mostrando os prós e contras deste movimento, que cronologicamente é o ultimo dos movimentos da vanguarda européia,mostraremos também suas realizações, ganhos,controvérsias e decepções.

Palavra-chave:

Surrealismo - Dadaísmo - Influência

Assim como se diz que Eva nasceu da Costela de Adão, podemos dizer que o surrealismo nasceus da costela do dadaísmo.Ambos tinham pontos de contato entre seua termos e técnicas, eram tão ligadas que durente os anos de 1921 e 1924 ano do primeiro manifesto surrealista,os dois moviementos apareceram juntos,eram praticamente um só " O surrealismo nasceu das cinzas do dadaísmo".Assim dizia o própio líder dadaista Tzara, e de fato ele tinha razão, sempre haveria a influência do dadaismo sobre o surrealismo,propondo a valorização do improviso e da espontaneadade no menejo da linguagem,o amor ao protesto.
O surrealismo apresenta três períodos: o de formação que é o rompimento formal dos surrealista com os dadaístas, a exploração do inconsciente, o sobrenatural, o sonho, a loucura,os estados alucinatórios.Enfim tudo o que fosse o reveso do lógica e estivesse fora do controle da consciência. O de reflexão que foi o movimento em o surrealismo se interessa por relacionar as pesquisas sobre o inconsciente com adesão á revolução social. O de autonomia que abre dois caminhos para os surrealistas: da enfâse na revolução política,trilhado por Aragon,e o do aprofundamento das pesquisas sobre o inconsciente, assumindo por Bretom.
O surrealismo foi ganhando seu espaço mostrando a sua cara através dos deus manifestos com sua valorização do inconsciente e das pesquisas sobre o assunto,tendo como base Freud e suas pesquisas teóricas da psicanálise.Bretom adota um tipo novo de linguagem,tend0o semelhança no manifesto dadaísta de Tzara, usando a forma do verbete de dicionário para definir o que significa surrealismo.

Automotivo psíquico pelo qual alguém se propõe a exprimir,seja
verbalmente seja por escrito, seja de qualquer outra maneira o
Funconamento real do pensamento. (HELENA,Lúcia 1993).

Contudo, os surrealistas trouxeram mudanças,introduzindo disciplina e coesão diferente ao que era pregado pelo dadaísmo.A total liberdade individual dadapista desaparece,em prol de um sentido de adesão grupal.

Como o surrealismo é a maior acusação levantada contra a cisão
,historicamente provocada,entra a razão e paixão no ocidente.
(Moreira,Bia 2006)

Como o surrealismo era composto tantas pessoas,tão diferentes e com personalidades diferentes,dividiu-se um pouco , de um lado os artistas mais próximos ao dadaísmo eram mais niilistas, contrários a todos os cionceitos tradicionais(exemplificada por Macel Duchamp). Do outro lado, os artistas que ainda estavam sendio guiados por valores estéticos(que pode ser representado,por, salvador dali e Magrite).

A divisão entre os surrealistas,e ddaístas é caracterizado
também como divisão entre comunistas e anarquistas sendo os
surrealistas comunistas.(MOREIRA,Bia 2006).

Ainda durante a década de 50 e 60 os surrealistas estão em evidencia,merecendo detaque na Bienal de Veneza(1954),consagrada a influência da pintura surrealista no mundo, as jornadas surrealistas em Nova Iorque (1961).Em 1966,Morre Bretom, no dia 28 de setembro, algumas semanas depois do congresso universitário sobre o surrealismo.

Referências Bilbiográficas

HELENA,Lucia.MOvimentos da vanguarda Européia.Margens do texto.São Paulo:Scipioneltda,1993.p64.
MOREIRA,Bia.A influência do dadaísmo no Surrealismo.In www.fasm.edu.br/vestibulares,2006.

Apresentando o surrealismo

Apresentando o surrealismo

Surgimento da Bossa Nova

Bossa Nova

A mulher prostituta em José de Alencar

Fernanda
Greyce
Kelly
Morgana
Resumo

Neste artigo discutiremos sobre o papel da mulher prostituta ao longo da história, cosiderando a sua atuação como mulher, amante e objeto de desejo.Como base usaremos obra de José de Alencar Lucíola-mulher prostituta que será o ponto de difusão do nosso trabalho.

Palavras-chaves

Prostituição,José de Alencar-Lucíola.

O presente artigo tem como objetivo desvendar a magia que paira sobre a protistuta Lucíola,mulher enigmatica, traços fortes e angelicais, o ar que paira em torno de lúciola é pura poesia, dona de própio nariz, deixava claro que não dependia de homem algum, e sim prestava-lhe um favor dando a sua companhia.
Receber as carícias de Lúcia era uma dádiva concedida a poucas, ela não se iludia com jóias concedida a poucas, ela não se iludia com jóias nem grandes fortunas, seus préstimos eram tidos em alto preço sem que da sua boca ouvisse este valor é... uma mulher que pedi, marca o preço de sua gratidão; a mulher que não pedi é um abismo que nunca enche (...)Alencar,p.29)
Ao contrário das demais cortesãs do sec.XIX, tidos pela sociedade como bonecas de papelão,manipulados por dinheiro, Lúcia despertava nos homens um forte anseio de conquista. Todos os seus amantes cortejavam-na,porque ela se dava do direito de rejeitá-los,desdenhar de quem bem queria porque não era submissa a nenhum,não dependia nem financeira, nem emocionalmente de nenhuma deles,os mesmos é que esperavam por migalhas do seu afeto.

(...) A mulher prostituta é sempre uma normal ou subnormal
, sexualmente falando. Na ausência de outros meios de
subsistência mais rendosos, ela elege a prostituição
como uma profissão. (Pereira,Armando p.19)
Não se deixava conhecer, o papel de cortesã, dona de si mesma, era-lhe como uma carroça instransponivel, e o amor a desarmaria, daria ao seu interior acesso livre para oportunistas baixar a guarda não seria bom para Lúcia,não na condição de mulher decidida e dominada.
Diferente das donzelas que tinham no amor sua maior fortaleza, para Lúcia esse amor seria sua fraqueza, sua perdição. Sua simplicidade de trajes, o desdenhe explícito pelo sexo dava-lhe um poder encantador sobre os homens. " Vi Lúcia sentada na frente do seu camarote, vestida com certa galantaria, mas sem a profissão de adornos e a exuberância de luxo que os tentam de ordinário as cortesãs(...)" ( ALENCAR,p29).
Com Lucióla, José de Alencar fez, ao contrário dos escritores de meados do século XIX, de que a prostituta era só um objeto de desenfado ou deiversão, trasnformado suas cortesãs em mulheres obedecidas,determinadas, auto-suficientes, ao contrário das esposas, criaturas frágeis, sem iniciativa, confinada ao trabalho doméstico, a ser um ídolo ou uma máquina reprodutora."(...) No caráter feminino, não há região intermediária; ela deve existir na inocência imaculada ou no vício sem esperanças".(Chittendem Nathaniel W., 1837).
José de Alencar deu uma roupagem nova a essa mulher tradicional. Lúcia revolucionou a galeria das personagens femininas da literatura.Durante a maior parte da narratiuva deixa de lado a imagem santificada das meulheres em geral." Havia um abismo de sensualidade nas asas trasparentes da narina que tremiam com o anélito do respiro curto de sibilante e também nos fogos surdos que incendiavam as pupilas negras".(ALENCAR,p24)
A personagem Lúcia é o resultadode uma situação econômica que a estrutrura social do século XIX originou,mas Alencar não fugiu muito da mulher tradicional,pois ao final da sua obra Lucíola, aquela máscara que lúcia mantinha de "forte" mulher caiu e ela rendeu-se ao amor de Paulo.
(...) Nunca te disse que te amava,Paulo! mas eu sabia,e era feliz!
mas eu sabia, e era feliz!
tu me purifcaste ungindo com os teus lábios(...)" (ALENCAR,P.127)
Ao admitir o amor que sente por Paulo, Lúcia sabe sabe que só a morte poderá reabilitar-lhe,posto que a sociedade não admitiria a recuperaçõ de uma prostituta."Conduzia Lúcia ao seu leito, e só depois de cruéis angústias tive o consolo de vê-la recobrar os sentidos, mas para cair logo numa prostituição, em que apesar dos meus ragos e instâncias, só a ouvir mumrmurar(...) (ALENCAR,p125).Paulo a tornou vulnerável, submissa e esse amor tão grande foi a sua destruição como mulher independete e dominadora.

Bibliográfia:

ALENCAR,José de.lucióla.São Paulo:ÀticaA
As prostitutas na história/ROBERTS,Nickie;tradução:de Magda lopes-Rio de Janeiro: Rearol/Rosa dos temnpos,1998.


segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O expressionismo e a deformação da realidade

Fernanda Luz Alves
Kelly Ranyelle Moura Luz
Resumo
O presente trabalho faz uma abordagem a cerca do expressionismo;vanguarda euroéia que teve por finalidade representar não a realidade objetiva, mas emoções subjetivas.Este artigo dá enfase também às principais características, influências e contribuições desse prátiva artística.
Palavras-chave: expressionismo, deformação da realidade, subjetividade.

A palavra expresionismo foi utilizada para denominar um tendência da arte européia moderna que predominou na arte alemã de 1905 a 1930 aproximadamente, porém o termo expressionismo pode ser aplicado em qualquer momento da história da arte para designar a obra que abandona as idéias tradicionais e expressa a emoção do artista através de deformações e exagero de forma e cor. Nesse sentido pode-se chamar de expressionista o artista que dá importância aos sentimentos e as reações humanas diante dos fatos da vida, criticando a exploração do homen pela sociedade o artista expressionista não retrata também o que ele sente em relação ao fato que está presenciando, podemos, para isso, até deformar figuras.
Essa tendência pode ser vista como uma reação ao impressionismo, que apenas se preocupava com as sensações de luz e cor e não com os problemas vividos pela sociedade da época. O expressionismo tinha como objetivo expressar as emoções e angustias do homen do início do século xx.

...Ao contrário de outras vanguardas, que refletem
otimistamente sobre a técnica e o progesso, como
por exemplo, os futuristas, os expressinoistas são
os mais afetados pelo sofrimento humano do que pelo
triunfo.(Lúcia Helena,1993)
A representação dos horrores da guerra foi também uma tônica desse movimento.OS expressionistas pouco se impostavam com as noções de belo ou de feio, pois para eles o essencial era o registro de expressão do mundo, segundo uma leitura de artista.è possiveç dizer que o expressionismo admitiu a imagem distorcida, semelhante á caricatura.

O que pertuba o público a respeito da arte
expressionista talvez seja mernos o fato de
a natureza ter sido distorcida do que o resultado
implicar o distanciamento da beleza. Eles queriam
enfrentar os fatos nus e crus da nossa existência
,e e expressar sua compaixão pelos desertados e
feios. Tornou-se quase um ponto de honra dos expre-
ssionistasevitar qualquer coisa que cheirasse a
"boniteza" e "polimento" e chocar o "burguês" em
sua complacência real ou imaginada.(Gombrich,1979)
Do movimento expressionista merecem relevo as seguintes caracteristicas: pesquisa no domínio psicológico; deformação da imagem visual; uso de grandes manchas de cor intensa e contantes aplicadas livremente; temática pesada que privilegia a angústia, o desespero,a morte,o sexo e a mséria social; contornos fortes e grosseiros; artistas com ampplo uso de distorção e exageração.

O expressionismo é apaixonado, movido por um
impulso criativo originário de um verdade indivi-
dual, pois acredita que a subjetividade é a prova
do real(...).O grande denominador de um expresso
é a fidelidade institiva a uma certeza interna,
associada a uma necessidade de expressão dessa
certeza para o expressionista vale apena lutar
pelo sentimento individual e o instinto de
de ultrapassar as aparências.

sábado, 15 de novembro de 2008

Biografia

José de Alencar

Logo depois da proclamação da Independência, em 1822, o prestígio de D. Pedro I era muito grande, já que o povo e a maioria dos políticos o admiravam muito. Mas, aos poucos, essa situação foi se alterando. Por volta de 1830, o Brasil enfrentava sérios problemas econômicos, que tinham se agravado com a falência do Banco do Brasil, em 1829, e com a Guerra da Cisplatina, que durou três anos, de 1825 a 1828. Com isso, D. Pedro I, vendo sua popularidade decaindo cada vez mais, foi obrigado a abdicar em favor de seu filho, em abril de 1831. Ele voltou a Portugal e em seu lugar ficou a Regência Trina Provisória, constituída de políticos que substituiriam seu filho e herdeiro do trono, D. Pedro de Alcântara, então com 5 anos.

José Martiniano de Alencar nasceu em 1.º de maio de 1829, em Mecejana, Ceará, filho do padre José Martiniano de Alencar (deputado pela província do Ceará) ele foi o fruto de uma união ilícita e particular do padre com a prima Ana Josefina de Alencar. Quando criança e adolescente, era tratado em família por Cazuza, mais tarde, adulto, ficou conhecido nacionalmente como José de Alencar, um dos maiores escritores românticos do Brasil.

José de Alencar

O pai de José de Alencar assumiu o cargo de senador do Rio de Janeiro em 1830, o que obrigou a família a se mudar para lá. Mas quatro anos depois a família voltou ao estado natal pois Martiniano foi nomeado governador do Ceará. Alguns anos mais tarde a família voltou ao Rio de Janeiro, desta vez para fica. O pai assumiu novamente seu cargo de senador e o menino começou a freqüentar a Escola e Instrução Elementar.

Filho de político, jovem Alencar assistia a tudo isso de perto. Assistia e, certamente, tomava gosto pela política, atividade em que chegou a ocupar o posto de ministro da Justiça. Mas isso ocorreria bem mais tarde.

Em meio à agitação de uma casa freqüentada por muita gente, como era a do senador, passou pelo Rio um primo de Cazuza. O jovem dirigia-se a São Paulo, onde completaria o curso de Direito, e Alencar resolveu acompanhá-lo. Ia seguir a mesma carreira.

Fria, triste, garoenta, apresentando uma vida social que dependia quase exclusivamente do mundo estudantil, graças à existência de sua já famosa faculdade de Direito: assim era São Paulo em 1844, quando nela desembarcou o cearense José Martiniano de Alencar, para morar com o primo e mais dois colegas numa república de estudantes da Rua São Bento.

Na escola de Direito discutia-se tudo: Política, Arte, Filosofia, Direito e, sobretudo, Literatura. Era o tempo do Romantismo, novo estilo artístico importado da França. Esse estilo apresentava, em linhas gerais, as seguintes características: exaltação da Natureza, patriotismo, idealização do amor e da mulher, subjetivismo, predomínio da imaginação sobre a razão. Mas o Romantismo não era apenas um estilo artístico: acabou tornando-se um estilo de vida. Seus seguidores, como os acadêmicos de Direito, exibiam um comportamento bem típico: vida boêmia, regada a muita bebida e farras. As farras, segundo eles, para animar a vida na tediosa cidade; a bebida, para serem tocados pelo sopro da inspiração.
Introvertido, quase tímido, o jovem Alencar mantinha-se alheio a esses hábitos, metido em estudos e leituras. Lia principalmente os grandes romancistas franceses da época.

O jovem cearense jamais se adaptaria às rodas boêmias tão assiduamente freqüentadas por outro companheiro que também ficaria famoso: Álvares de Azevedo.

Terminado o período preparatório, Alencar matriculou-se na Faculdade de Direito em 1846. Tinha 17 anos incompletos e já ostentava a cerrada barba que nunca mais raparia. Com ela, a seriedade de seu semblante ficava ainda mais acentuada.
O senador Alencar, muito doente, voltava para o Ceará em 1847, deixando o resto da família no Rio. Alencar viajou para o Estado de origem, a fim de assistir o pai. O reencontro com a terra natal faria ressurgir as recordações de infância e fixaria na memória do escritor a paisagem da qual ele jamais conseguiria se desvincular inteiramente. É esse o cenário que aparece retratado em um de seus romances mais importantes: Iracema.

Surgiram na época os primeiros sintomas da tuberculose que infernizaria a vida do escritor durante trinta anos. No seu livro Como e por que sou romancista, Alencar registrou: "... a moléstia tocara-me com a sua mão descarnada. . . ''.

Transferiu-se para a Faculdade de Direito de Olinda. O pai, bem de saúde, logo voltava ao Rio, e Alencar, a São Paulo, onde terminaria o curso. Dessa vez morava numa rua de prostitutas, gente pobre e estudantes boêmios. Alencar continuava desligado da boemia. Com certeza preparando sua sólida carreira, pois seu trabalho literário resultou de muita disciplina e estudo.

Aos18 anos, Alencar já tinha esboçado o primeiro romance - Os contrabandistas. Segundo depoimento do próprio escritor, um dos inúmeros hóspedes que freqüentavam sua casa usava as folhas manuscritas para... acender charutos. Verdade? Invenção? Muitos biógrafos duvidam da ocorrência, atribuindo-a à tendência que o escritor sempre demonstrou a dramatizar excessivamente os fatos de sua vida. O que ocorreu sem dramas ou excessos foi a formatura, em 1850. No ano seguinte, Alencar já estava no Rio de Janeiro, trabalhando num escritório de advocacia. Começava o exercício da profissão que jamais abandonaria e que garantiria seu sustento. Afinal, como ele próprio assinalou, " não consta que alguém já vivesse, nesta abençoada terra, do produto de obras literárias''.

Um dos números do jornal Correio Mercantil de setembro de 1854 trazia uma seção nova de folhetim - "Ao correr da pena'' - assinada por José de Alencar, que estreava como jornalista. O folhetim, muito em moda na época, era um misto de jornalismo e literatura: crônicas leves, tratando de acontecimentos sociais, de teatro, de política, enfim, do cotidiano da cidade.

Alencar tinha 25 anos e obteve sucesso imediato no jornal onde trabalharam posteriormente Machado de Assis (dez anos mais jovem que ele) e Joaquim Manuel de Macedo. Sucesso imediato e de curta duração. Tendo o jornal censurado um de seus artigos, o escritor desligou-se de sua função.

Começaria nova empreitada no Diário do Rio de Janeiro, outrora um jornal bastante influente, que passava naquele momento por séria crise financeira. Alencar e alguns amigos resolveram comprar o jornal e tentar ressuscitá-lo, investindo dinheiro e trabalho.

Nesse jornal aconteceu sua estréia como romancista: em 1856 saiu em folhetins o romance Cinco minutos. Ao final de alguns meses, completada a publicação, juntaram-se os capítulos em um único volume que foi oferecido como brinde aos assinantes do jornal. No entanto, muitas pessoas que não eram assinantes do jornal procuraram comprar a brochura. Alencar comentaria: '' foi a única muda mas real animação que recebeu essa primeira prova. Tinha leitores espontâneos, não iludidos por falsos anúncios''. Nas entrelinhas, percebe-se a queixa que se tornaria obsessiva ao longo dos anos: a de que a crítica atribuía pouca importância a sua obra.

Com Cinco minutos e, logo em seguida, A viuvinha, Alencar inaugurou uma série de obras em que buscava retratar (e questionar) o modo de vida na Corte. O que aparece nesses romances é um painel da vida burguesa: costumes, moda, regras de etiqueta... tudo entremeado por enredos onde amor e casamento são a tônica. Nessas obras circulam padrinhos interesseiros, agiotas, negociantes espertos, irmãs abnegadas e muitos outros tipos que servem de coadjuvantes nos dramas de amor enfrentados pelo par amoroso central. É o chamado romance urbano de Alencar, tendência em que se enquadram, além dos acima citados, Lucíola, Diva, A pata da gazela, Sonhos d'ouro e Senhora, este último considerado sua melhor realização na ficção urbana. Além do retrato da vida burguesa na Corte, esses romances também mostram um escritor preocupado com a psicologia dos personagens, principalmente os femininos. Alguns deles, por isso, são até chamados de "perfis de mulheres". Em todos, a presença constante do dinheiro, provocando desequilíbrios que complicam a vida afetiva dos personagens e conduzindo basicamente a dois desfechos: a realização dos ideais românticos ou a desilusão, numa sociedade em que ter vale muito mais do que ser. Alguns exemplos: em Senhora, a heroína arrisca toda sua grande fortuna na compra de um marido. Emitia, o personagem central de Diva, busca incansavelmente um marido mais interessado em amor que em dinheiro. Em Sonhos d'ouro, o dinheiro representa o instrumento que permitiria autonomia de Ricardo e seu casamento com Guida. A narrativa de A viuvinha gira em torno do compromisso assumido por um filho no sentido de pagar todas as dívidas deixadas pelo pai. Lucíola, finalmente, resume toda a questão de uma sociedade que transforma amor, casamento e relações humanas em mercadoria: o assunto do romance, a prostituição, obviamente mostra a degradação a que o dinheiro pode conduzir o ser humano.

Entre Cinco minutos (1856) e Senhora (1875), passaram-se quase vinte anos e muitas situações polêmicas ocorreram.

Alencar estreou como autor de teatro em 1857, com a peça Verso e reverso, em que focalizava o Rio de Janeiro de sua época. No mesmo ano, o enredo da peça O crédito antecipava um problema que o país logo iria enfrentar: a desenfreada especulação financeira, responsável por grave crise político-económica. Desse ano data ainda a comédia O demônio familiar.
Em 1858, estreou a peça As asas de um anjo, de um Alencar já bastante conhecido. Três dias após a estréia, a peça foi proibida pela censura, que a considerou imoral. Tendo como personagem central uma prostituta regenerada pelo amor, o enredo ofendeu a sociedade ainda provinciana de então. (O curioso é que o tema era popular e aplaudido no teatro da época, em muitas peças estrangeiras). Alencar reagiu, acusando a censura de proibir sua obra pelo simples fato de ser ''. . . produção de um autor brasileiro. . .'' Mas a reação mais concreta viria quatro anos mais tarde, por intermédio do romance em que o autor retoma o tema: Lucíola.

Profundamente decepcionado com a situação, Alencar declarou que iria abandonar a literatura para dedicar-se exclusivamente à advocacia. É claro que isso não aconteceu.- escreveu ainda o drama Mãe, levado ao palco em 1860, ano em que morreu seu pai. Para o teatro, produziu ainda a opereta A noite de São João e a peça O jesuíta.

A questão em torno de As asas de um anjo não era a primeira nem seria a última polêmica enfrentada pelo escritor. De todas, a que mais interessa para a literatura foi anterior ao caso com a censura e relaciona-se ao aproveitamento da cultura indígena como tema literário. Segundo os estudiosos, foi este o primeiro debate literário ocorrido no Brasil.

Certamente, quando resolveu assumir o Diário do Rio de Janeiro, Alencar pensava também num veículo de comunicação que permitisse a ele expressar livremente seu pensamento. Foi nesse jornal que travou sua primeira polêmica literária e política. Nela, o escritor confronta-se indiretamente com ninguém menos que o imperador D. Pedro II.

Gonçalves de Magalhães (que seria posteriormente considerado como o iniciador do Romantismo brasileiro) tinha escrito um longo poema intitulado A confederação dos Tamoios, em que faz um exaltado elogio à raça indígena. D. Pedro II, homem voltado às letras e artes, viu no poema de Magalhães o verdadeiro caminho para uma genuína literatura brasileira. Imediatamente, o imperador ordenou que se custeasse a edição oficial do poema. Alencar, sob o pseudônimo "Ig ", utilizando seu jornal como veículo, escreveu cartas a um suposto amigo, questionando a qualidade da obra de Magalhães e o patrocínio da publicação por parte do imperador: "As virgens índias do seu livro podem sair dele e figurar em um romance árabe, chinês ou europeu (...) o senhor Magalhães não só não conseguiu pintar a nossa terra, como não soube aproveitar todas as belezas que lhe ofereciam os costumes e tradições indígenas...".

No início, ninguém sabia quem era o tal Ig, e mais cartas foram publicadas sem merecer réplica. Após a quarta carta, alguns escritores e o próprio imperador, sob pseudônimo, vieram a público na defesa de Magalhães. Ig não deixou de treplicar.
A extrema dureza com que Alencar tratou o poeta Magalhães e o imperador parece refletir a reação de um homem que se considerava sempre injustiçado e perseguido. Alguns críticos acham que Alencar teria ficado furioso ao ser ''passado para trás'' num plano que considerava seu, pois já tinha pensado em utilizar a cultura indígena como tema de seus escritos. As opiniões sobre a obra de Magalhães denunciariam, portanto, o estado de espírito de alguém que se sentira traído pelas circunstâncias.

Qualquer que tenha sido o motivo, essa polêmica tem interesse fundamental. Discutia-se de fato, naquele momento, o que seria o verdadeiro nacionalismo na literatura brasileira, que até então tinha sofrido grande influência da portuguesa. Alencar considerava a cultura indígena como um assunto privilegiado, que, na mão de um escritor hábil, poderia tornar-se a marca distintiva da autêntica literatura nacional. Mas veja bem: na mão de um escritor hábil.

Aos 25 anos, Alencar apaixonou-se pela jovem Chiquinha Nogueira da Gama, herdeira de uma das grandes fortunas da época. Mas o interesse da moça era outro: um rapaz carioca também muito rico. Desprezado, custou muito ao altivo Alencar recuperar-se do orgulho ferido. Somente aos 35 anos ele iria experimentar, na vida real, a plenitude amorosa que tão bem soube inventar para o final de muitos aos seus romances. Desta vez, paixão correspondida, namoro e casamento rápidos. A moça era Georgiana Cochrane, filha de um rico inglês. Conheceram-se no bairro da Tijuca, para onde o escritor se retirara a fim de se recuperar de uma das crises de tuberculose. Casaram-se em 20 de junho de 1864. Muitos críticos vêem no romance Sonhos d'ouro, de 1872, algumas passagens que consideram inspiradas na felicidade conjugal que Alencar parece ter experimentado ao lado de Georgiana.

Nessa altura, o filho do ex-senador Alencar já se achava metido - e muito - na vida política do Império. Apesar de ter herdado do pai o gosto pela política, Alencar não era dotado da astúcia e da flexibilidade que tinham feito a fama do velho Alencar.

Seus companheiros da Câmara enfatizam sobretudo a recusa quase sistemática de Alencar em comparecer a solenidades oficiais e a maneira pouco polida com que tratava o imperador. A inflexibilidade no jogo político fazia prever a série de decepções que de fato ocorreriam.

Eleito deputado e depois nomeado ministro da Justiça, Alencar conseguiu irritar tanto o imperador que este, um dia, teria explodido: ''É um teimoso esse filho de padre''. Só quem conhecia a polidez de D. Pedro seria capaz de avaliar como o imperador estava furioso para referir-se assim ao ministro José de Alencar.

Enquanto era ministro da Justiça, contrariando ainda a opinião de D. Pedro II, Alencar resolveu candidatar-se ao senado. E foi o mais votado dos candidatos de uma lista tríplice. Ocorre que, de acordo com a constituição da época, a indicação definitiva estava nas mãos do imperador. E o nome de Alencar foi vetado.

Esse fato marcaria o escritor para o resto da vida. Daí para diante, sua ação política traz os sinais de quem se sentia irremediavelmente injustiçado. Os amigos foram aos poucos se afastando e sua vida política parecia ter terminado. Mas era teimoso o suficiente para não abandoná-la.

Retirou-se para o sítio da Tijuca, onde voltou a escrever. Desse período resultam O gaúcho e A pata da gazela (1870). Tinha 40 anos, sentia-se abatido e guardava um imenso rancor de D. Pedro II. Eleito novamente deputado, voltou à Câmara, onde ficaria até 1875. Nunca mais, como político, jornalista ou romancista, iria poupar o imperador.

Em 1865 e 1866 foram publicadas as Cartas políticas de Erasmo. Partindo da suposta condição de que D. Pedro ignorava a corrupção e a decadência em que se achava o governo, Alencar dirige-se ao imperador tentando mostrar a situação em que se encontrava o país, com seus inúmeros problemas, entre eles o da libertação dos escravos e o da Guerra do Paraguai (1865-1870).

Comentando aquela guerra, a mais sangrenta batalha que já ocorrera na América do Sul, na qual o Brasil perdera cem mil homens, Alencar deseja ao chefe do gabinete governamental: "E ordene Deus conceder-lhe compridos anos e vigor bastante para reparar neste mundo os males que há causado".

No entanto, foi a questão dos escravos que mais aborrecimentos trouxe ao escritor. Manifestando-se contra a Lei do Ventre Livre (1871), tomava ele posição ao lado dos escravocratas, despertando a ira de grande contingente de pessoas que, no país inteiro, consideravam a aprovação dessa lei uma questão de honra nacional.

Foi então que no Jornal do Comércio publicaram-se as Cartas de Semprônio (o pseudônimo escondia a figura do romancista Franklin Távora) a Cincinato (o escritor português José F. de Castilho, que Alencar um dia chamara de "gralha imunda").

Pretextando analisar a obra de Alencar, o que se fazia era uma injuriosa campanha contra o homem e o político. Távora e Castilho não escreveram, de fato, crítica literária válida quando julgaram as obras de Alencar como mentirosas e frutos de exageros da imaginação.

A crítica atual não tem nenhuma dúvida a respeito da importância fundamental dos romances de Alencar - principalmente os indianistas - para compreendermos o nacionalismo em nossa literatura.

Além do romance urbano e do indianista, o escritor ainda incorporaria outros aspectos do Brasil em sua obra. Romances como Til, O tronco do ipê, O sertanejo e O gaúcho mostram as peculiaridades culturais da nossa sociedade rural, com acontecimentos, paisagens, hábitos, maneiras de falar, vestir e se comportar diferentes da vida na Corte.

Assim é que em O gaúcho a Revolução Farroupilha (1835/1840) serve como pano de fundo à narrativa. O enredo de O tronco do ipê traz como cenário o interior fluminense e trata da ascensão social de um rapaz pobre. Em Til, o interior paulista é o cenário da narrativa.

Mas Alencar não se limitou aos aspectos documentais. O que vale de fato nessas obras é, sobretudo, o poder de imaginação e a capacidade de construir narrativas bem estruturadas. Os personagens são heróis regionais puros, sensíveis, honrados, corteses, muito parecidos com os heróis dos romances indianistas. Mudavam as feições, mudava a roupagem, mudava o cenário. Mas, na criação de todos esses personagens, Alencar perseguia o mesmo objetivo: chegar a um perfil do homem essencialmente brasileiro.

Não parou aí a investigação do escritor: servindo-se de fatos e lendas de nossa história, Alencar criaria ainda o chamado romance histórico. "... o mito do tesouro escondido, a lenda das riquezas inesgotáveis na nova terra descoberta, que atraiu para ela ondas de imigrantes e aventureiros, as lutas pela posse definitiva da terra e alargamento das fronteiras...", segundo o crítico Celso Luft, aparecem em tramas narrativas de intensa movimentação. Nessa categoria estão Guerra dos mascates, As minas de prata e Os alfarrábios.

Em Guerra dos mascates, personagens ficcionais escondem alguns políticos da época e até o próprio imperador (que aparece sob a pele do personagem Castro Caldas). As minas de prata é uma espécie de modelo de romance histórico tal como esse tipo de romance era imaginado pelos ficcionistas de então. A ação passa-se no século XVIII, uma época marcada pelo espírito de aventura. É considerado seu melhor romance histórico.

Com o romance histórico, Alencar completava o mapa do Brasil que desejara desenhar, fazendo aquilo que sabia fazer: literatura.

Na obra de Alencar há quatro tipos de romances: indianista, urbano, regionalista e histórico. Evidentemente, essa classificação é muito esquemática, pois cada um de seus romances apresenta muitos aspectos que merecem ser analisados: é fundamental, por exemplo, o perfil psicológico de personagens como o herói de O gaúcho, ou ainda do personagem central de O sertanejo. Por isso, a classificação acima prende-se ao aspecto mais importante (mas não único) de cada um dos romances.

Em 1876, Alencar leiloou tudo o que tinha e foi com Georgiana e os seis filhos para a Europa, em busca de tratamento para sua saúde precária. Tinha programado uma estada de dois anos. Durante oito meses visitou a Inglaterra, a França e Portugal. Seu estado de saúde se agravou e, muito mais cedo do que esperava, voltou ao Brasil.

A pesar de tudo, ainda havia tempo para atacar D. Pedro II. Alencar editou alguns números do semanário O Protesto durante os meses de janeiro, fevereiro e março de1877. Nesse jornal, o escritor deixou vazar todo o seu antigo ressentimento pelo imperador, que não o havia indicado para o Senado em 1869.

Mas nem só de desavenças vivia o periódico. Foi nele que Alencar iniciou a publicação do romance Exhomem - em que se mostraria contrário ao celibato clerical, assunto muito discutido na época. Escondido sob o pseudônimo Synerius, o escritor faz questão de explicar o título do romance Exhomem: " Literalmente exprime o que já foi homem ".

Alencar não, teve tempo de passar do quinto capítulo da obra que lhe teria garantido o lugar de primeiro escritor do Realismo brasileiro. Com a glória de escritor já um tanto abalada, morreu no Rio de Janeiro, em 12 de dezembro de 1877. Ao saber de sua morte, o imperador D. Pedro II teria se manifestado assim: "Era um homenzinho teimoso''. Mais sábias seriam as palavras de Machado de Assis, ao escrever seis anos depois: "... José de Alencar escreveu as páginas que todos lemos, e que há de ler a geração futura. O futuro não se engana'' .

Texto original por Carlos Faraco

OBRAS DO AUTOR

ROMANCE
Cinco minutos - 1856; O guarani; A viuvinha - 1857; Lucíola - 1862; Diva - 1864; Iracema; As minas de prata - l.º vol. - 1865; As minas de prata - 2.º vol. - 1866; O gaúcho; A pata da gazela - 1870; Guerra dos mascates - l.º vol. ; O tronco do ipê - 1871; Sonhos d'ouro; Til - 1872; Alfarrábios; Guerra dos mascates - 2º vol. -1873; Ubirajara - 1874; Senhora; O sertanejo - 1875; Encarnação - 1893

TEATRO
O crédito; Verso e reverso; Demônio familiar - 1857; As asas de um anjo - 1858; Mãe - 1860; A expiação - 1867 ; O jesuíta - 1875

CRÔNICA
Ao correr da pena - 1874

AUTOBIOGRAFIA INTELECTUAL
Como e porque sou romancista - 1893

CRÍTICA E POLÊMICA
Cartas sobre a confederação dos Tamoios- 1856; Ao imperador: Cartas políticas de Erasmo e Novas cartas políticas de Erasmo - 1865 ; Ao povo: Cartas políticas de Erasmo: O sistema representativo - 1866



Machado de Assis (Joaquim Maria M. de A.), jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. É o fundador da Cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras. Velho amigo e admirador de José de Alencar, que morrera cerca de vinte anos antes da fundação da ABL, era natural que Machado escolhesse o nome do autor de O Guarani para seu patrono. Ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia, que passou a ser chamada também de Casa de Machado de Assis.

Filho do operário Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina Machado de Assis, perdeu a mãe muito cedo, pouco mais se conhecendo de sua infância e início da adolescência. Foi criado no morro do Livramento. Sem meios para cursos regulares, estudou como pôde e, em 1854, com 15 anos incompletos, publicou o primeiro trabalho literário, o soneto "À Ilma. Sra. D.P.J.A.", no Periódico dos Pobres, número datado de 3 de outubro de 1854. Em 1856, entrou para a Imprensa Nacional, como aprendiz de tipógrafo, e lá conheceu Manuel Antônio de Almeida, que se tornou seu protetor. Em 1858, era revisor e colaborador no Correio Mercantil e, em 60, a convite de Quintino Bocaiúva, passou a pertencer à redação do Diário do Rio de Janeiro. Escrevia regularmente também para a revista O Espelho, onde estreou como crítico teatral, a Semana Ilustrada e o Jornal das Famílias, no qual publicou de preferência contos.

O primeiro livro publicado por Machado de Assis foi a tradução de Queda que as mulheres têm para os tolos (1861), impresso na tipografia de Paula Brito. Em 1862, era censor teatral, cargo não remunerado, mas que lhe dava ingresso livre nos teatros. Começou também a colaborar em O Futuro, órgão dirigido por Faustino Xavier de Novais, irmão de sua futura esposa. Seu primeiro livro de poesias, Crisálidas, saiu em 1864. Em 1867, foi nomeado ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial. Em agosto de 69, morreu Faustino Xavier de Novais e, menos de três meses depois (12 de novembro de 1869), Machado de Assis se casou com a irmã do amigo, Carolina Augusta Xavier de Novais. Foi companheira perfeita durante 35 anos. O primeiro romance de Machado, Ressurreição, saiu em 1872. No ano seguinte, o escritor foi nomeado primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, iniciando assim a carreira de burocrata que lhe seria até o fim o meio principal de sobrevivência. Em 1874, O Globo (jornal de Quintino Bocaiúva), em folhetins, o romance A mão e a luva. Intensificou a colaboração em jornais e revistas, como O Cruzeiro, A Estação, Revista Brasileira (ainda na fase Midosi), escrevendo crônicas, contos, poesia, romances, que iam saindo em folhetins e depois eram publicados em livros. Uma de suas peças, Tu, só tu, puro amor, foi levada à cena no Imperial Teatro Dom Pedro II (junho de 1880), por ocasião das festas organizadas pelo Real Gabinete Português de Leitura para comemorar o tricentenário de Camões, e para essa celebração especialmente escrita. De 1881 a 1897, publicou na Gazeta de Notícias as suas melhores crônicas. Em 1880, o poeta Pedro Luís Pereira de Sousa assumiu o cargo de ministro interino da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e convidou Machado de Assis para seu oficial de gabinete (ele já estivera no posto, antes, no gabinete de Manuel Buarque de Macedo). Em 1881 saiu o livro que daria uma nova direção à carreira literária de Machado de Assis - Memórias póstumas de Brás Cubas, que ele publicara em folhetins na Revista Brasileira de 15 de março a 15 de dezembro de 1880. Revelou-se também extraordinário contista em Papéis avulsos (1882) e nas várias coletâneas de contos que se seguiram. Em 1889, foi promovido a diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em que servia.

Grande amigo de José Veríssimo, continuou colaborando na Revista Brasileira também na fase dirigida pelo escritor paraense. Do grupo de intelectuais que se reunia na Redação da Revista, e principalmente de Lúcio de Mendonça, partiu a idéia da criação da Academia Brasileira de Letras, projeto que Machado de Assis apoiou desde o início. Comparecia às reuniões preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 1897, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, à qual ele se devotou até o fim da vida.

A obra de Machado de Assis abrange, praticamente, todos os gêneros literários. Na poesia, inicia com o romantismo de Crisálidas (1864) e Falenas (1870), passando pelo Indianismo em Americanas (1875), e o parnasianismo em Ocidentais (1901). Paralelamente, apareciam as coletâneas de Contos fluminenses (1870) e Histórias da meia-noite (1873); os romances Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), considerados como pertencentes ao seu período romântico. A partir daí, Machado de Assis entrou na grande fase das obras-primas, que fogem a qualquer denominação de escola literária e que o tornaram o escritor maior das letras brasileiras e um dos maiores autores da literatura de língua portuguesa.

A obra de Machado de Assis foi, em vida do Autor, editada pela Livraria Garnier, desde 1869; em 1937, W. M. Jackson, do Rio de Janeiro, publicou as Obras completas, em 31 volumes. Raimundo Magalhães Júnior organizou e publicou, pela Civilização Brasileira, os seguintes volumes de Machado de Assis: Contos e crônicas (1958); Contos esparsos (1956); Contos esquecidos (1956); Contos recolhidos (1956); Contos avulsos (1956); Contos sem data (1956); Crônicas de Lélio (1958); Diálogos e reflexões de um relojoeiro (1956). Em 1975, a Comissão Machado de Assis, instituída pelo Ministério da Educação e Cultura e encabeçada pelo presidente da Academia Brasileira de Letras, organizou e publicou, também pela Civilização Brasileira, as Edições críticas de obras de Machado de Assis, em 15 volumes, reunindo contos, romances e poesias desse escritor máximo da literatura brasileira.